A Anciã

49º Capitulo

***

Depois da partida das harpias o Cigano precisava do conselho do seu amigo e confidente e foi para a “Mansão Vladesk’s”. Foi recebido por Hector que o olhou surpreso sentindo a mudança do Cigano. Magno entrou olhando a mansão como se a visse pela primeira vez, olhava tudo, cada detalhe. Last estava na biblioteca, o seu lugar preferido da casa. Magno entrou depois que Hector abriu a porta com a cerimônia de sempre, A biblioteca estava as escuras. O Vampiro lia um livro com sua visão noturna. Em silêncio Magno sentou na poltrona que ficava mais à frente, colocou o pé na ponta do assento e a cabeça no encosto e esperou. Sem se mover ou tirar os olhos do livro Last perguntou: 

- O que aconteceu “Garoto”? 

Magno continuou em silêncio ainda por alguns minutos, depois sem se mover da posição em que estava ele contou a Last tudo que se passou na clareira... Quando Magno terminou de contar Last fechou o livro de súbito provocando um som alto e seco assustando o Cigano que levantou o corpo com rapidez e olhou para seu “Mestre”, depois de mais alguns intermináveis minutos o Vampiro falou com rancor na voz: 

- Quando permiti que o cigano Sandoval morresse em paz eu ainda não conhecia Larissa a não ser pela história que ele me contou. Depois que Larissa e eu nos tornamos amigos passei a odiá-lo. Mesmo sabendo que não tenho direito algum de sentir isso, porque cada indivíduo que mato por sangue, eu envio seu espírito para os coletores. Entretanto, é mais forte do que eu... Agora sabendo que voce o libertou do inferno, abalou meu amor por voce. 

- Last! Mas ele é o meu avô. 

- Não me interessa de quem ele seja parente!!! Ele tinha o que merecia “Garoto”!! Mas voce resolveu absolvê-lo!

Magno olhou assustado para seu “Mestre”... Estranhando aquele tom na voz que nunca foi usado com ele, nem mesmo quando era menino e fazia arte. O Cigano sentiu-se magoado e levantou-se para ir embora, mas Last fez um gesto com a mão e o atirou novamente na poltrona. Se fosse a algumas horas atrás, Magno teria revidado sem pensar nas consequências, mas ele apenas esperou. 
Last ficou em silêncio com a cabeça virada para o lado oposto do seu pupilo, com o cotovelo apoiado no braço do sofá e a mão na testa. Muito tempo depois ele suspendeu o corpo, prendeu os cabelos em um rabo na altura da nuca. A seguir, com um gesto arrastou a poltrona onde estava sentado o Cigano A poltrona percorreu o espaço que os separava em grande velocidade, quando estava quase em cima dele Last freou-a com o pé e girou a poltrona colocando Magno de frente para ele... Mas o Cigano nem se abalou com aquilo, ele estava acostumado com os rompantes de seu “Mestre” desde menino e o olhou dentro dos olhos com tranquilidade... Last não estava gostando daquela mudança, mas não cogitou sobre e como se não tivesse acontecido nada daquilo ali naquela biblioteca ele disse: 

- Magno! Eu sei quem é o traidor! É Sigel! 

- Magno levantou de um salto e ficando com o corpo todo brilhando berrou: 

- SIGEL!!! O que voce quer fazer? Quer me irritar de qualquer jeito é? Sigel nunca iria me trair. 

Last olhou calmamente para ele, pegou o copo sobre a escrivaninha, girou o conteúdo com o dedo indicador, cheirou, tomou um gole e disse: 

- Em primeiro lugar: NÃO BERRA COMIGO! Em segundo: se acha que Sigel é tão perfeitinha, por que não vai para junto dela e tira a prova? Depois venha até mim para se desculpar. 

Magno olhou para seu “Mestre” ali diante dele tão severo que achou melhor se acalmar e saber ao certo o que deveras estava acontecendo. Ele caiu em si e percebeu que Last não falaria algo tão grave em vão,  de alguém que o salvou algumas vezes. O Cigano respirou fundo, recuperou sua altivez anterior, sentou-se e recostou a cabeça no encosto da poltrona, depois de algum tempo em silêncio ele perguntou com a voz em tom baixo e respeitoso: 

- Last me diga como voce soube que é Sigel o traidor entre nós? Isso se for realmente ela. Não consigo me conformar com isso. Sigel é um Capitão honrado. Um soldado valoroso! Como aconteceu? 

O Vampirão terminou seu drink calmamente, em seguida contou ao Cigano que encontrou a Elfa na Floresta de Uhat desarvorada e parcialmente desmemoriada. Contou que ela não o reconheceu e nem mesmo a Elessar, que se lembrava do acampamento de Magno e alguns dos amigos. Magno ficou desolado com aquilo, pediu licença e foi para o palácio de Elessar precisava saber o que descobriram sobre Sigel para poder ajuda-la também. 
***

Enquanto isso no mundo das harpias, a Rainha “Garras de Lua” foi até seus governantes. Chegando diante da velha Rainha que passou a ela a coroa, mas que ainda regia alguns dos assuntos reais. “Garra de Lua” Comunicou que não iria guerrear com o mundo dos humanos. A Rainha ficou abismada com aquela mudança na sua regente e disse: 

=- Porque não? Se por causa deles aconteceram batalhas que sacrificaram Humanos e harpias. Alguns daqueles sacrifícios foram terríveis. Foi decretada dominação de nossa espécie. 

– Dominação? Por quê? Eram covardes? 

- Sim! Dominação! Por ter desaparecido uma pedra de cristal de um demônio que foi dado a ele por um anjo . O grande demônio desesperado para reaver seu cristal, expôs seu plano para retomar, antes que a armadilha estivesse pronta. Quando o grande demônio tentou tomar a alma do feiticeiro que roubou a pedra, foi preso por uma grande magia que vinha do seu próprio cristal dos anjos, dando assim ao feiticeiro a capacidade de dominar nosso povo. Não só nosso povo como também Nefilins, Humanos e elfos da quinta dimensão. 

A Anciã fez uma pausa distraída, leve, rememorando dolorosamente aquele cativeiro que ficou por séculos... Depois continuou. 

- Depois de séculos de guerra o grande demônio quase morto em seu cativeiro mágico, conseguiu ensinar a um valoroso Nefilin sobre a verdadeira natureza daquela guerra e assim o Nefilin conseguiu reaver o Cristal e salvou a todos nós. O feiticeiro recuou apressado antes que o Anjo que deu o cristal viesse em socorro do seu pupilo. Ao se retirar da nossa montanha nosso mundo foi preservado! Então não chame de covardes aqueles que salvaram esse mundo. Muitos se sacrificaram de maneira magnífica e nobre! Agora é a nossa vez. 

- Foi justamente sobre isso que vim falar: Não levarei minhas harpias para a frente de batalha de uma guerra que não é nossa, e que o fim já conhecemos. Esse desejo do bruxo em nos destruir é porque tem medo de nós, e de nossos amigos aliados. É por isso que vão atacar nossas defesas para que nos joguemos de cabeça na intenção de nos salvar e cairmos em sua armadilha. 

Novamente a anciã fez uma pausa, mais dolorida e maior! E pela primeira vez “Garras de Lua” abaixou a cabeça em consideração àquela dor. Quando ela tornou a falar era visível sua dor: 

- Devemos muito ao nobre demônio, mesmo tendo sido rapidamente dominado. Foi sua magnifica resistência que ajudou outros seres a se tornarem demônios como ele e se juntarem aos Nefilins... Enquanto muitos enlouqueciam quando nos era dada a ordem de recuar... Desconfiaram que algo estivesse errado e tentaram nos guiar pelo lado vazio da montanha. Aliás: O lado que pensaram estar vazio... Mas existiam homens do feiticeiro que em suas loucuras mataram todos os Nefilins , todos os humanos e todas as Harpias que desceram a montanha. Quando o último ser morreu foi que vimos o que tínhamos feito ao nos sentirmos orgulhosas por destruir o que nos dominava, sem pensar que eram seres também dominados. Matávamos amigos e inimigos naquele lado da montanha... 

- As suas próprias companheiras? 

- Sim! Éramos nós as enlouquecidas e dominadas em danação. Quando conseguimos controlar as vozes que nos dominavam, vimos que estávamos sem esperança de reconciliação com nosso povo e nos destruímos, não poderíamos permanecer vivas depois disso. Foi quando o Anjo veio e nos encarcerou por séculos. Muitas coisas estavam em risco. 

Respondeu a anciã cabisbaixa... “Garras de Lua” permaneceu em silêncio por um tempo, pensativa, à seguir seus olhos brilharam e seu coração falou por ela. 

- Não posso sentir-me orgulhosa de voce, que mesmo sabendo de tudo isso, queria nos levar a uma guerra sem fim. Sei que voces lutaram bravamente com o que pensavam ser suas próprias almas., Mas querer algo igual é inadmissível. Certo que estavam dominadas... Mas depois não estavam mais, nem agora estão! Querem adiantar uma guerra que foi profetizada. Eu não participarei dessa batalha e nem minhas harpias. Também não permitirei que meus aliados lutem essa batalha. 

- Mas voce não pode fazer isso! 

-Posso sim! Fui eleita Rainha pela minha presteza, honestidade e coragem e não vou perder isso numa guerra sem fim. 

- “Garras de Lua” eu vi e senti tudo acontecer, estávamos à frente da batalha. 

- Sentiu e viu errado! Como voce vem fazendo desde o inicio dessa era. Certo que houve alguns dominados por essas terras, mas foram limpos! Destruídos! Há muito tempo nossas terras estão livres. 

- E quanto a mim? Fiquei encarcerada por séculos! 

- Com todo respeito Anciã! Mas voce teve o que mereceu! Por mais poderoso que seja um “dominador” ele não abandona o dominado completamente, a não ser que encontre outro muito próximo. 

A Anciã deixou as asas arriarem... A dor que sentia era muito grande. “Garras de Lua” estava lhes dizendo tudo que ela sabia e fingia não saber, por benefício próprio e por vingança. Depois de um grande silêncio... A Grande Harpia falou: 

-Anciã! Existem nuvens lá fora! Existem nuvens fofas como algodão correndo pelo céu azul, esse mesmo céu que voce gostaria que sujássemos de sangue das nossas asas ao sermos abatidas. Hoje é o dia de colocar em prática o que desejo fazer do meu império! No próximo nascer do sol começarei a realizar os negócios do império que são infindáveis. Tão infindáveis que podem envolver uma Rainha por toda sua existência. Se não atacarmos os humanos, os Nefilins não precisarão entrar na guerra e não destruiremos a beleza dos elfos. 
Eu sou a Rainha e decreto Paz entre nós e nossos aliados que inocentes iriam entrar em uma guerra eterna por um capricho. Perdoe-me anciã! Mas para a segurança de nosso mundo e do mundo dos humanos a Senhora permanecerá em seus aposentos até seu último dia... Eu devo essa Paz a meu novo amigo o Cigano Magno do acampamento “Tigre de Fogo” que abriu meus olhos para o que eu iria fazer. 

A anciã foi levada pelas guardas para seus aposentos com lágrimas nos olhos e os passos pesados por não ter conseguido se vingar. Ela sabe que se não destruírem o feiticeiro, o mundo não terá paz. Tudo parecia ser um irremediável sonho para anciã... 

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Bem amigos pelo menos uma das histórias foi executada com louvor, esperemos as próximas. Shubb Raatri





Ruby Shubb



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