Liviel Vladesk

Capitulo 44

Magno e Alejandro foram até a biblioteca onde se encontrava Hector ele deu uma olhada de soslaio para Alejandro fazendo o sangue dele gelar... Ele perguntou: sussurrando 

- Magno ele é vampiro? 

- De certo modo! 

- Como assim Magno? 

- Não posso falar sobre coisas de terceiros Alejandro! Venha!. 

Alejandro acompanhou o Cigano chegando ao lado do mordomo, o rapaz esticou a mão para cumprimentar, Hector apenas olhou para a mão estendida e subiu o olhar pelas tatuagens do rapaz e pigarreou... Magno falou: 

- Esse é meu amigo Hector! 


- Sim! Senhor Magno! 


 Falou o mordomo sem olhar para eles e continuando a manusear os livros que estava escolhendo para deixar na cabeceira de Last. Magno continuou: 

- Alejandro vai ficar aqui enquanto Last e eu vamos atrás de uns Vampiros. 

- Voce acha certo isso senhor Magno? Meu Senhor Last está se restabelecendo. 

- Ah! Que isso “esquisito” Last é um Vampiro! Para de paparicar ele. 

Hector virou a cara ficou em posição ereta cabeça reta nariz empinado e disse: 


- Siga-me senhor! 


- Onde ele vai ficar Hector? 


- No aposento verde! É próprio para os recém-transformados. 


- Porque para os recém-transformados Magno? Qual a diferença desse “aposento”? 

- É um local protegido por magia élfica. Os vampiros que estão dentro não saem e os que estão fora não entram sem serem convidados a fazer. 

- Então é uma prisão? 

- Pode dizer que sim. Mas também é uma proteção contra predadores e contra o próprio transformado. 

-Voce conhece Elfos também além de ser amigo de um Vampiro? 

- Um não! Esqueceu-se de se colocar na contagem. E sou sim, amigo de muitos elfos também. 

Hector preparou um banho, deixou sobre a cama um hobby de seda, serviu uma bebida, deixou-os no quarto verde e estava saindo quando Alejandro falou: 

- Obrigado Senhor Hector por sua tão maravilhosa presteza. Nunca fui tão bem tratado na vida. 


- Ora, esse rapaz é mesmo alguém muito especial. Além de ser um belo espécime da raça humana é simpático e delicado! Vê-se que tem berço. É bem nascido no verdadeiro sentido da palavra, fruto de uma boa árvore. Diferente de certos “Garotos” que conheço. 


Magno mordiscou o lábio para não sorrir e falou fingindo não entender. 

- Hector tem razão Alejandro! Existem pessoas sem nenhum “berço”. 

O Mordomo olhou-o de rabo de olho e resmungou indo embora. 

Magno deu as instruções para que Alejandro ficasse despreocupado que ali seria alimentado devidamente e atendido no que fosse pedido. Despediram-se e Magno foi para sala esperar Last. Mais ou menos quinze minutos depois surgiu no topo da escada Last vestido com requinte e perfumado com fragrância sedutora. O cabelo preso todo para trás em um rabo bem alto deixando à mostra a nuca com o pé muito bem feito. Carregando uma espada negra, um dispositivo usado por caçadores, que quando ativado, ele deixa uma frequência muito alta por mais ou menos cinco minutos, dentro de um raio de cinco quarteirões, causando desespero aos seres que possuem audição sobrenatural (como vampiros , lobisomens , etc.) O ruído é projetado a um nível que apenas alguém com audição sobrenaturalmente melhorada pode ouvir. O som supersônico incapacita o vampiro por tempo suficiente para que os caçadores possam injetar "verbena" ou sumo do "carvalho branco" para enfraquecê-los e depois mata-los cotando-lhes a cabeça. E um Punhal de prata com o cabo revestido de chumbo que ele deu a Magno. Os dois ficaram na biblioteca esperando anoitecer, enquanto isso Magno pediu que ele contasse sobre sua vida e seu nascimento. Ele havia prometido contar um dia e nunca o fez. Last ficou um tempo em silêncio, depois começou a narrar sua história: começou falando baixo com o olhar perdido na lareira que crepitava serena... 

Narração de Last


- Logo após o grande dilúvio! O Criador do universo movido de precaução criou um clã de anjos chamado “Ipsum” (que significa limpeza). Eles eram usados para dizimar da face da terra toda “escória da humanidade", aqueles que o Criador sabia que não teriam mesmo salvação. (Se isso fosse levado à ponta de agulha, o universo seria como o Criador idealizou). Continuando: Essas pessoas que seriam dizimadas eram especificadas em uma lista que os Anjos “Ipsums” traziam com eles para cumprir sua obrigação e depois voltavam ao plano celeste até o próximo trabalho. 
Um Anjo “Ipsum” surgia diante do Ser humano para dizimá-lo como num sonho para não causarem traumas ao ser que seria limpo. O Anjo drenava todo sangue existente no corpo da pessoa que estava na lista para ser limpa, sem que ela sentisse qualquer incomodo. Quando o Anjo terminava de drenar todo o sangue impuro e recolocar sangue limpo, ele mandava de volta ao plano celeste sua alma para ser reeducada e purificada, podendo assim voltar a terra em uma outra "ceara". Depois de drenar o sangue impuro, os anjos o regurgitavam no mar, livrando-se de todo sangue carregado com todas as maldades que existiam naquela pessoa e que eles haviam drenado.·. 

Mas como nada nessa vida continua sempre do jeito que foi criado. Alguns Anjos “Ipsums” começaram a sentir satisfação ao drenar os seres humanos... Eles passaram então a fazer isso ao seu bel prazer. O Criador percebeu que eles voltavam “para casa” com ar de satisfação, o que não agradou ao criador. Ele não suportava ser desobedecido. Miguel o principal Arcanjo guerreiro do criador foi convocado e recebeu a ordem de acabar com todos os Anjos “Ipsum”. Porque tinha sido mais uma criação que deu errado. Miguel reuniu todos os Anjos “Ipsums” e ordenou que eles fizessem uma formação em círculo numa grande extensão e sobrevoou por cima deles rufando forte suas asas e foi assim dizimando a todos com uma aura incandescente. Acontece que ao sobrevoar sobre eles Miguel notou buracos na formação... Mas como ele só notou isto depois que já havia começado o extermínio, continuou até o fim. Depois foi investigar porque havia buracos na formação. E descobriu triste que esses buracos foram causados por alguns dos “Ipsums” que haviam ficado na terra! 

Eram uns dos Anjos “Ipsums” mais fortes e guerreiros, por terem o poder celestial muito elevado, eles notaram que o Criador percebeu sobre o prazer que sentiam ao drenarem o sangue dos humanos. Então se esconderam. O criador como castigo retirou o poder e as asas de todos os “Ipsums”, deixando-os com a forma humana que tanto apreciavam. Mas não retirou a imortalidade. Os “Ipsums” ficaram em desespero por sentirem vontade de drenar o sangue dos humanos, mas não possuíam o poder de antes, não podiam fazer sem que eles percebessem, então passaram a morder suas vítimas para sentir o prazer que tanto os viciou. Como a jugular é o local em que o sangue transita com força total, os “Ipsums” faziam um furo com a unha e sugava o Sangue dos humanos, Mas como faziam por vício e não mais para curá-los, eles não mordiam apenas a “escória da humanidade”, eles drenavam qualquer um que estivesse a sua frente quando estavam com essa suposta “sede”. Quanto mais o tempo passava mais ficavam viciados em sangue humano. 

Acontece que, a natureza pródiga tratou de providenciar-lhes os “caninos”. (As presas afloradas que crescem mais ao aproximar-se o momento da alimentação dos Vampiros). Algum tempo depois, a matança dos humanos estava desregulada e absurda, o criador então que não permite de forma alguma que façam qualquer coisa aos seus queridos humanos que não seja ordenado por ele claro! Enviou a terra Lirsael o anjo da criação e sua falange de anjos guerreiros para acabar com os “Ipsums” que restavam na terra. Lirsael conseguiu exterminar uma grande parte! Mas Liviel... Que era o líder dos “Ipsums” Era belo, inteligente e persuasivo Seduziu Lirsael! Esta passou a proteger os “Ipsums” ao invés de exterminá-los. E novamente o criador enviou um de seus arcanjos para exterminar Lirsael e sua falange desobediente. Liviel escondeu Lirsael no centro da terra entre os seus “Ipsums” que agora eram bem poucos até que o Arcanjo do criador voltasse para “casa”. Essa guerra durou séculos. Os “Ipsums” devorando os humanos e o Criador exterminando os “Ipsums”.

O Criador enviou Gabriel seu Serafim e protetor do trono com a missão de jogar sobre os “Ipsums” uma maldição. “Que eles não pudessem chegar perto de nenhum objeto sagrado e que fossem queimados na presença do sol”. Achava o Criador que assim todos desapareceriam. Já que sendo anjos estavam sempre em contatos com objetos sagrados, e nenhum ser vivente desejaria ficar sem ver o Sol. Assim mais uma grande parte dos “Ipsums” foram exterminados. Os que restaram liderados por Liviel e Lirsael o anjo da criação, mudaram seus hábitos, passando a dormir durante o dia e usando a noite para tudo. Com todas essas tentativas de dizimá-los, os “Ipsums” perderam sua forma e personalidade angelical, tornando-se seres abomináveis como Harpias, passando a ser chamados de “Vampir”. (que significa morto vivo.) Designação utilizada para denominar os seres que se alimentam de sangue. Assim Liviel criou seu clã!

Passou a chamar-se Liviel Vladesk. Uma alusão a “Demônio, Dragão”. Os vampiros eram imortais, não envelheciam, não precisavam alimentar-se como os humanos, e nem respiravam. Eles se alimentavam de sangue preferencialmente de humanos, para sustentar sua suposta imortalidade. Drenavam o sangue de suas vítimas através de seus caninos retrateis. E possuíam o poder de cicatrizar as mordidas em suas vitimas, lambendo os ferimentos, não deixando, portanto marcas de seu ataque. O sangue transformou-se assim na fonte de sua existência! Ao alimentar-se de sangue ficavam mais poderosos e aumentavam seus dons psíquicos e mágicos. Nem todas as pessoas que eram mordidas pelos vampiros se transformavam num morto-vivo. Geralmente as vítimas que eram atacadas, tinham parte de seu sangue sugado, ficavam sem marcas da mordida, sentiam-se com um pouco de fraqueza e não se lembravam de nada. Outras morriam simplesmente. 

- Como conseguiam mantê-los ainda humanos Last.

- Simples! Para se tornar um morto-vivo era preciso que o vampiro sugasse todo o sangue da vítima e depois a alimentasse com seu próprio sangue. Do contrário ele apenas morreria sem energia vital. Até hoje em dia, quando o Vampiro quer transformar um humano ele o alimenta de seu sangue e o abandona, para que ele precise dele e fique dependente, assim ele faz do transformado o que bem entender. A princípio, o vampiro transformado, recusa-se a beber sangue humano. Ele não aceita esta situação, mas a necessidade toma conta de seus instintos e torna-o um predador. Logo as mortes tornam-se uma rotina na existência de um vampiro. Existe alguns de nós, que como eu, conseguem suportar a luz do sol por um curto período de tempo. As cruzes não surtem efeito sobre nós, o vampiro pode simplesmente ter repúdio a fé e a cruz por ser um objeto de símbolo sagrado.  Alho e água corrente não fazem mal para os vampiros, isso é falso. Nós adoramos banhos de banheiras. Água benta é tida como qualquer outro amuleto sagrado. Temos repúdio pela lembrança da maldição jogada sobre os “Ipsums”. Com a idade nossa força aumenta, podendo chegar ao equivalente a de dez homens saudáveis e fortes. Um vampiro transformado é um competidor de alimento e de poder, portanto somente aqueles que venham a acrescentar algo de bom a família vampiresca, são transformados em mortos-vivos. Mas antes que isso ocorra, as vítimas são observadas e analisadas por um longo período, podendo chegar a anos de observação. Só então depois da transformação os eleitos são integrados ao direito e deveres do clã. Continuando:

Lirsael que havia se tornado concubina de Liviel engravidou, mesmo sabendo que isso seria sua morte. Ela ainda possuía seu poder de Anjo, mas carregava no ventre “A Prole do Demônio”. O que não era aceito entre os Anjos celestes! Mesmo sendo ela um “Caído”... No dia do nascimento de seu bebe Lirsael escondeu-se do clã. Ela não conhecia a natureza de sua prole, se fosse Anjo poderia ser morto pelos Vampiros, e se fosse Vampiro provavelmente precisaria de sangue para viver fora dela que o supria. Lirsael encaminhou-se para uma caverna que ela já havia escolhido para dar a luz, ainda era dia, ela sabia que nenhum Vampiro a acompanharia. Antes que chegasse à caverna sentiu as dores finais do parto, eram terríveis! Sua prole era muito forte, Lirsael encostou-se a uma pedra para poder parir. Queria encontrar um lugar para esconder sua prole da luz do sol se fosse um “Vampir”, porém, ela mal conseguia caminhar alguns passos. Então ali mesmo na relva sob a luz do Sol Lirsael retirou a parte de baixo de suas vestes, abriu as pernas e esperou sua prole coroar... A dor era insuportável... E ao invés de coroar a cria veio rasgando seu baixo ventre! Rebentou-a totalmente... Tão grande era sua força e sua vontade de estar em liberdade por lhe faltar o ar... Lirsael olhou para o Sol... Nesse momento teve certeza que sua prole seria  um “Vampir”... Seu baixo-ventre estava totalmente estraçalhado, sua cria grunhia sob os raios do sol. Sem poder levantar-se, pois estava se esvaindo em sangue... Lirsael precisava cobri-lo do Sol e alimentá-lo. Sua cria sentia dor e ela não podia fazer nada, arrastou-se mais para junto da rocha maior para que logo tivesse sombra sobre elas, com a unha rasgou o seio e colocou a cria para alimentar-se de seu sangue...

Ela não poderia ajudar seu bebe... Lirsael conheceu o que era estar sem solução! Aquela seria a única vez que alimentaria sua cria... Lirsael sabia que foi além das expectativas do Criador. Nem sabia por que ele a deixou viver tanto tempo! Não sabia por que ele ainda não tinha mandado exterminá-la! Ela achava que talvez ele tivesse esperado que ela parisse para assim sofrer mais sabendo que não poderia cuidar de seu "Rebento" Ela não podia fugir com ele, seu ventre estava todo dilacerado... Lirsael tinha consciência que... Estaria morta em minutos... Ela já ouvia as trombetas... Sua pulsação acelerou, o coração disparou, faltou o ar, o chão desapareceu... Lirsael olhava sua cria com os olhos marejados e pensou:


- Como é possível tanto amor em um só coração ! 


Ela sentia como se estivesse diante de um abismo que precisa saltar, sentia o frio do vento que assobiava em sua volta ela sussurrou: 


“- Criador! Sinto sua força, sinto o abismo, sinto o esvoaçar do vento! Sinto tudo muito intensamente! Sei que não tenho direito de lhe pedir nada”! 


Olhou novamente sua cria mamando como um “anjo” e lembrou-se de tudo que deixou para trás, tudo que abandonou, abdicou por um Homem- Anjo ou um Anjo-homem... E agora? Ele iria cuidar do seu filho sem ela? Naquele momento... Fez-se um clarão a sua frente! Ela implorou:


- Miguel! Por favor! Não o mate, ele é um bebê. Pela nossa amizade.! 




= Preciso cumprir ordens Lirsael 




- Mate a mim! Mas deixe-o viver! 




= Não posso Lirsael! Mas... Sim... Não o matarei o deixarei aqui mesmo. 




- Obrigada meu amigo! 



Quando Lirsael acabou de dizer essas palavras... Miguel suspendeu a Custódia... Apontou para o coração de Lirsael que tirou rapidamente a pequena cria de seu peito... Miguel a fulminou com pesar e foi embora deixando ali sobre o sol que ainda tinha raios fortes e poderosos a cria de Lirsael para morrer. Mas a cria por ser filho de um Anjo possuía o poder de suportar o Sol por algum tempo o que o livrou da morte. Logo o Sol se pôs! Quando escureceu totalmente, os "Vampirs" saíram a procura de Lirsael e encontrou suas cinzas ao lado de uma pequena Harpia que grunhia ensurdecedoramente. Liviel apanhou a cria ainda sentindo sobre ele o poder da “custódia” e sem poder fazer nada pelas cinzas que o vento começou a espalhar ele partiu... Nenhum “Vampir” podia tocar nas cinzas de Lirsael por ter sido fulminada por um objeto sagrado, vindo diretamente da sala do “trono”.
Quando estava indo embora com sua cria o vento forte terminou de levar as cinzas de sua amada pelo mundo. 

- Foi assim meu nascimento "Garoto"! Por muitas vezes fui obrigado a alimentar-me de sangue para não morrer. E quando cheguei a puberdade meu pai alimentou-me de seu próprio sangue, me transformando assim em um imortal. Estudei sobre a arte da transmutação para não precisar beber sangue. Ainda alimento-me de humanos, pois não tenho poder de viver por minha própria conta. Uso a transmutação para entrar em seus corpos e me suprir de suas energias, posso deixá-los um pouco debilitados, mas vivos e prontos ao restabelecimento. O poderoso instrumento de transmutação é a Chama Violeta. Quando estudamos o espectro da luz, aprendemos que a luz original é composta por vários raios coloridos de diferentes frequências vibratórias. No espectro da luz visível, a que é percebida pela visão humana, estes raios podem ser contemplados no maravilhoso fenômeno do arco-íris. Entre eles, a luz violeta é a de mais alta frequência vibratória. Por isto, ela acelera a vibração de tudo com que entra em contato permitindo que os elétrons e os átomos passem a vibrar mais acelerados, provocando uma verdadeira transmutação. Após a passagem da Chama Violeta, as substâncias e as situações não são mais as mesmas. Eu posso invadir um ser humano, usar sua energia vital e depois sair de seu corpo. A força da Luz Violeta também me ajuda a controlar o “vício” Não me deixando ficar no corpo até acabar a força de vida do humano em questão. Fui quase excluído de meu Clã por isso. Mas mostrei do que sou capaz e alguns aceitaram minha natureza. Eu não aceitei a condição de devorador de humanos, talvez pela natureza criadora de minha mãe. Bem, É isso.

Magno estava estático Olhando com ternura para seu mestre! Ele não imaginava que um Vampiro pudesse sofrer tanto. E o pior é que os Vampiros nunca esquecem de nada....
......

Até o próximo Capitulo queridos. Shubb Raatri!
                                                       
Ruby Chubb

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